O PREÇO DO TEMPO
O que fizeram com o tempo teimoso?
Só de pensar, o relógio da mente fica parado.
O tempo não é a ficção de acontecimentos,
e sim a cruel realidade do vento para todo lado,
quando vivemos magoados com ressentimentos.
Precisamos sair de vez do passado tinhoso,
para ver o presente de frente sem fazer apostas,
deixando o medo de pessoas que fazem perguntas,
por não saber ao certo quais serão as respostas,
já que a ninguém será dado conhecer as duas juntas.
Não existe verdade absoluta no mundo teimoso.
As agruras do tempo são apenas protestos,
por falta do que nos basta na vida sobrando.
Se você deixar as metades de todos os restos,
perceberá que tem tudo, e nada está lhe faltando.
Quanto mais o tempo lhe parecer carinhoso,
cuidado, porque pode ser um desafio mais rude,
mas também é a oportunidade de um recomeço,
passando a conhecer a verdade da virtude,
pois para quem tem valor, o tempo não têm preço.
Veja então o tempo como um trem não vagaroso,
que nos leva como passageiros pelos seus trilhos.
A estrada parece longa, mas a velocidade tem limite,
pois nem todos são pais, mas certamente são filhos,
todos com a missão de plantar a paz a quem acredite.
Por mais que se entenda o tempo tão caridoso,
às vezes pode ser prenúncio e clima de mudança.
Como um espaço contido entre a alegria e a dor,
devemos ter cuidado em cultivar com esperança,
pois somente na semente da gratidão nasce o amor.
Acordemos, ao tempo em que o sol nasce fabuloso,
mostrando que só existe vida se houver saudade.
Durante o dia ninguém foge dos brutos temporais,
no ocaso, cuida-se da direção da nossa dignidade,
e o preço do tempo é a morte nos pontos cardeais.
(Poema dedicado ao amigo Marcus Vergne)