A BOMBÁSTICA DELAÇÃO PREMIADA
Da sua turma, o primeiro!
0 menino prodígio
Tinha um futuro alvissareiro!. ..
Ousados voos o credenciava
A galardões no panteão militar,
O generalato o esperava,
Quando de repente ,
Nada mais que de repente,
Algo que não acontece
Tão frequente ,
Lhe foi colocado no radar —
Um alto posto,
Uma importante missão
Da qual não poderia arregar:
Ser Ajudante
De Ordens do Capitão!
Tudo ia bem,
Até terminar a eleição
Para Presidente
De Pindorama!
Aí começou o seu drama!
Não veio a vitória
Que esperava.
Mais se desesperava
No olho do furacão!
A casa de repente desmorona,
Tanta gente o abandona!
Até os que parecia lhes ser
Fiéis escudeiros ,
Fogem do seu convívio
Como o diabo da cruz!
Amedrontados ante
Tanta podridão que veio átona!
Nesta hora de aperreio,
Não há santo que aguente
A tormenta que já veio!
Ao receber o presente
De grego,
Só aumentou-lhe a agrura,
Adveio a amargura
De estar sozinho na cláusula !
Acaba a amizade
Quando a questão
Envolve a própria liberdade.
No agro momento,
O cidadão
Não suporta o tormento!…
Se apoquenta !
Se irrita. Não aguenta
Pegar sozinho o xilindró
Tendo tanto cúmplice
Do pequeno ao maior!
Pego na arapuca,
Com mão na cumbuca,
Como fugir ,
Da cana que o encalacra?
Atoleimando corre risco
Que logo enlouqueça !
Por mais sabido que seja,
Nada há que enseja,
Do pandemônio , se evadir!
Está irremediavelmente preso.
Atolado até a cabeça !
No atoleiro
Em que se encontra,
A razão se lhe desmonta,
O raciocínio o enfraquece,
Logo esquece
Qualquer resquício
De compradio, de lealdade.
Envolto no hospício
Do subconsciente
Que o enlouquece,
Pode fechar a fatura,
Pois lhe é mais
Cara a liberdade,
Não quer pagar
Sozinho a tecitura
De malfeitos
Por outros praticados.
Na hora de amargura,
A loucura
Da perda da liberdade
O atormenta,
Não adianta se chora,
Se lamenta ,
Prisioneiro da tormenta!
Do seu inferno astral
Não se livra,
Por mais que tenha gestado
Planos mirabolantes,
Coisa e tal,
Os mais perfeitos possíveis,
Algo bem arquitetado
Que fizesse o bacana ,
Tudo inútil. Tudo em vão!
Não os livraram da cana.
Inapelavelmente lhe veio ,
Um lugarzinho no xadrez .
Não aguentou
Ter chegado sua vez,
No desespero,
Passarinho engaiolado ,
Canta triste, carpe seu fado,
De dor se martiriza,
Para fugir da prisão ,
Entrega a quem
Mais quer bem.
Não reluta
Em entregar na bandeja
Do pai, da mãe , a cabeça!
Os próprios manos entregar.
Contanto que deixe o cativeiro,
Alce voo para amplidão!
O pássaro que deixou
Recentemente a gaiola,
A própria liberdade não viola!
Faz qualquer trato,
Pra na armadilha
Não cair sozinho!
Sozinho para o atoleiro não vai!
Irá na bombástica
Delação premiada
Dedurar toda a cambada:
Dos generais ao capitão !