Tenho um armário onde guardo
Coisas que me foram caras;
Construí num lugar de difícil acesso,
Propositalmente,
Perto do esquecimento,
Onde a tristeza faz a curva,
A decepção rega o pântano e
A indiferença é adornada por arbustos.
Chegando lá,
Entre poeiras e cactos,
Abro o armário com a reverência
Que requer um altar,
Há um silêncio de casa vazia,
Vozes que um dia foram pleonasmo,
Hoje, simplesmente, zeugma.
Confesso que antes de olhar,
Balanço como uma rede
Numa tarde chuvosa de outono,
Pois lá estão os restinhos
De tudo que tenho pena
De descartar, por apego
Ou talvez por ainda gostar
Ou querer recordar,
Não esquecer...
Sei lá!
Vai saber!
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** Viento Sobre El Agua
https://www.youtube.com/watch?v=Zab5jFC2kMc