TENHO O QUASE TUDO (verso livre)
Tenho voz em forma de palavras,
Sorriso em forma de sentimentos,
Tristezas personalizadas como gotas de orvalhos.
Caminho pelas montanhas sem ouvir sermões,
Tenho ódio sem maldade e
Canções sem sentido recheadas de poesia
Colecionei saudades esquecidas pelas lembranças,
Engavetei muitas lições em cada passos lentos e
Compartilhei amores a cada passos largos.
Às minhas dores criei os seus próprios sons,
Lancei olhares coloridos com seus próprios arcos-íris,
Desfrutei de ombros amigos com suas próprias fortalezas.
Só não sensibilizei o Tempo a ser o meu amigo;
Não conquistei a benevolência da longevidade ou
A graciosidade do rejuvenescimento.
(Não é correto ver o tempo passar
Sem perceber como são preciosos os segundos
Navegando por entre os sentimentos!)
Mas às tardes, insistentemente,
Eu e minha alma companheira sentamo-nos
Pelas estações do ano a olhar os horizontes:
Só os nossos,
Não ousamos olhar os de outrem,
Não repartimos os nossos com ninguém
E deles nada nos separa.