ESPELHO

Essas lâminas perfiladas

que deslizavam oblíquas

e suaves sobre um macio

tegumento ao amanhecer

(maciez aveludada

das pétalas orvalhadas)

Encontram agora a aspereza

dos sulcos cravados

na existência dos dias

e no reflexo em minha face.

(Fico perplexo pelo tempo

que passou em mim)

Permaneço emudecido

ante ao espelho a buscar

uma simples compreensão

dos caminhos já percorridos.

(desejo, labor, paixão e amor)

A esposa que do box

pede uma toalha,

o filho que na sala

reclama da ausência

e o celular que alerta

o compromisso do dia,

amenizam a minha

perplexidade.

Imagem: René Magritte, “A reprodução proibida”, 1937.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 12/09/2023
Código do texto: T7883750
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