ETÉREAS NÚVENS
Com o tempo, as coisas passam, modificam, se transformam,
Chega um dia que percebemos a linha imaginaria de uma cisão,
E percebemos que precisamos encontrar um meio,
Onde o eu atual, que leva as cicatrizes, possa se conciliar com o antigo eu que sonhava mais,
Para que os sonhos continuem com mais prudência,
E sem ser congelado pelo medo de arriscar.
Com o tempo, as coisas passam, modificam, se transformam,
E entendemos que em nós há sim um universo,
Que sequer desvendamos tudo, e nos envolvemos em um mistério de nós mesmos,
Quantos universos pelas ruas...
Alguns vivendo noites mais escuras, e outros deixando a luz raiar,
Universos que com sorte se encontram para somar.
Com o tempo, as coisas passam, modificam, se transformam,
E não há nada perpetuo e palpável para se apegar,
Porque no fim, tudo será breve lembrança, mas o que existe será enquanto continuar,
E a energia avança, portando consigo as sensações de quem amargou e de quem soube amar,
Porque no fim, o “ter” acaba, mas o que é se poetisa como etéreas nuvens,
Que são as lembranças que nos abraçam na energia que se renova, para nunca acabar.
Com o tempo, as coisas passam, modificam, se transformam,
Sem depender de nossos planos ou vontades,
Então, se tudo muda, qual seria o lucro em não arriscar?
Arriscar e permitir apresentar o lado vulnerável,
Daquele eu que sem armas, sem maquiagem,
Porque é correndo o risco de poder esbarrar na dor, que se pode encontrar o amar.