Linhas de anjos

no princípio eram só garatujas

e garatujas, tão somente linhas

linhas livres esboçando a forma

a forma pura de se ver o mundo

o mundo visto em olhar de anjo

o anjo, esse que em mim havia

havia forma quase sem recheio

sem recheio, mas jamais vazia

vazia era a mente daquela gente

gente que olhava e não percebia

percebia só em coisas de adultos

adultos, que desprezar ousavam

e ousavam dizendo que o mundo

que o mundo era feito de linhas

linhas infinitas, de todo sentido

e todo sentido ficava pobre anjo

pobre anjo esse meu eu menino

menino da forma que não se via

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 10/5/23 --