Adolescência
Lá no subúrbio de Goiânia,
Entre coletivos e prédios,
Em plena adolescência,
Na ebulição de sentimentos e hormônios,
Destilando ironias e solidões,
Fugi das alucinações petencostais,
Fugi dos valores moralistas vistos no interior,
Fugi da escola (pulava o muro para beber uns goles),
Fugi das horrorosas músicas sertanojas,
Fugi da amiga que oferecia amor,
Fugi das tardes usadas para jogar bola,
Fugi das festas, fugi das aglomerações,
Fugi do alistamento militar,
Fugi da escolha universitária em direito e medicina,
Fugi das aparentes amizades,
Fugi do modelo cidadão padrão,
Fugi das ideias mornas,
Fugi daquilo que foi pré-estabelecido
Em busco do algo à mais,
Ser um humano que superasse
O dito cidadão respeitável, comum,
Que diz ter vencido na vida como todos os outros.
Essa busca foi intensa,
Essa metamorfose se instaurou...
Peguei estrada, corri o mundo,
Mudei para Fortaleza para fazer faculdade,
Morei longe dos pais,
Retornei para o Centro-oeste
E recuperando as memórias do que fiz,
No tempo de profundas buscas,
Intensas transformações,
Eu faria tudo novamente,
Anos depois lembro
Que fui feliz e me tornou o que sou!