OS DIAS ERAM ASSIM
De olhos fechados
Com os olhos vedados
O corpo amarrado
E o medo dos ratos
O tapa na cara
As mãos algemadas
Palavras censuradas
A voz desarmada
Silêncio na cela
E o medo da cobra
O medo dos vermes
Das suas manobras
O pânico, o choque
O grito, o desespero
O choro contido
O âmago preso
Um corpo sem vida
Violado, abatido
Criança desolada
Arma inimiga
Ideologia sem nexo
Sem pudor, sem moral
Perfeita contradição
Vergonha irracional
A lágrima, o terror
O ódio, a tortura
O caos, a dor
As sirenes assustam
A covardia, a traição
O corte, a ferida
O sangue, o trauma
A máscara, a mentira
Constituição rasgada
Democracia enforcada
A vida no pau de arara
Jamais será apagada
Os dias eram assim
Lembrança triste e infeliz
Da queda ao fracasso
Do enterro dos fuzis
Há luta, há braços
Resistência, revolução
Da flor, a esperança
Do inocente, a razão
O importuno oculto
Farsa da nossa história
Aos heróis dessa guerra
Triunfados na memória