A TURBA INSENSATA

As multidões acorrem

Aglomeram-se e convivem,

Avançam, destemidas, para os microfones,câmaras

o efémero estrelato efémero

Correm ao som de arautos, boatos e mentiras

Entusiasmam-se e ululam pela Paz, Concórdia e Boas Causas

A cidade enche como odre

Entope as avenidas

Transvasa

o abuso a ignorância,

o não respeito pelo outro,

o que aqui estava e já penava.

Policiais,seguranças, torres de vigia

um venerável de vestes brancas e presidentes aos pulinhos e abraços

Um ondular hipócrita

uma maré que vai e vem

Acredito na beleza, no véu,na homilia

No sagrado,no símbolo e na cruz,

nos homens que sofrem sem culpa nem contemplação

numa multiplicação faminta

Do alto de varandas, ou em bolhas

assistimos

Impotentes

em silêncio

Acredito que tudo podia ser melhor,

de outra maneira.

José Manuel Serradas
Enviado por José Manuel Serradas em 17/08/2023
Código do texto: T7863858
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