A TURBA INSENSATA
As multidões acorrem
Aglomeram-se e convivem,
Avançam, destemidas, para os microfones,câmaras
o efémero estrelato efémero
Correm ao som de arautos, boatos e mentiras
Entusiasmam-se e ululam pela Paz, Concórdia e Boas Causas
A cidade enche como odre
Entope as avenidas
Transvasa
o abuso a ignorância,
o não respeito pelo outro,
o que aqui estava e já penava.
Policiais,seguranças, torres de vigia
um venerável de vestes brancas e presidentes aos pulinhos e abraços
Um ondular hipócrita
uma maré que vai e vem
Acredito na beleza, no véu,na homilia
No sagrado,no símbolo e na cruz,
nos homens que sofrem sem culpa nem contemplação
numa multiplicação faminta
Do alto de varandas, ou em bolhas
assistimos
Impotentes
em silêncio
Acredito que tudo podia ser melhor,
de outra maneira.