Passo a Passo
O primeiro passo é a identificação:
A chata etapa da lupa na mão; da caça infindável.
Localizar as causas e razões e o porque elas se instalaram
E agora se procriam de forma acelerada.
O segundo passo é o plano de ação:
Qual medida será tomada, quantos dias serão necessários;
Quanto mais choraremos acordados, teorizando pequenos e grandes cenários.
Contabilizando qualquer passo fora da marca,
Justificando as falhas fartas,
E calculando o terceiro passo.
O da ação:
O que mais pende ao fracasso.
Carregado pelas mesmas mãos que por descaso aqui nos deixaram,
E agora relutam a responder aos comandos que nos ensinaram.
Por medo do cárcere. Da solidão.
Por medo de coisas que sequer sabemos nominar.
Que sequer existem, ou sequer são válidas,
Que nos tiram o ar sem o menor tipo de contato;
Que arruínam um dia que ainda nem chegou.
O quarto passo acabou antes de começar,
Era sobre algo que eu sequer consigo me lembrar.
Frases que narrariam esperança, paciência;
Que discorriam sobre sapiência e eloquencia
E outras ciências aplicáveis a mente.
Mas meus próprios dedos me desmentem
E se recusam a explicar,
Algo em que nem eles mesmos acreditam
E eu, desacredito ainda mais;
Coisas estas que eu mesmo nunca aprendi
Apesar de visualizá-las o tempo todo.
O quinto passo é um engodo.
É um erro terrível que eu insisto em replicar.
É sobre as noites gélidas que refletem na espinha,
Dos fantasmas que assombram qualquer mente desnorteada.
Quando todas as respostas no caça-palavras formam o seu nome,
E não há nada que te alimente e mate tua fome
Ou sacie sua sede de vingança.
É a matança, física e figurada
Da sua própria mente ociosa e flagelada
Que vomita incessantemente,
Alaga tua vastidão perene
Afogando-lhe em todo tipo de pensamento.
Quando você corrói por dentro,
Lentamente cozinhando em fúria,
Dançando com uma fila interminável de lamurias;
Cada uma delas estrategicamente posicionada,
Se procriando de forma acelerada,
Descartando a necessidade da lupa
E de qualquer tipo de identificação.
Sucumbindo à pressão;
Perdendo a luta por nocaute.
Basta um penhasco que se salte,
Pois o abismo já habita em mim.