Passo a Passo

O primeiro passo é a identificação:

A chata etapa da lupa na mão; da caça infindável.

Localizar as causas e razões e o porque elas se instalaram

E agora se procriam de forma acelerada.

O segundo passo é o plano de ação:

Qual medida será tomada, quantos dias serão necessários;

Quanto mais choraremos acordados, teorizando pequenos e grandes cenários.

Contabilizando qualquer passo fora da marca,

Justificando as falhas fartas,

E calculando o terceiro passo.

O da ação:

O que mais pende ao fracasso.

Carregado pelas mesmas mãos que por descaso aqui nos deixaram,

E agora relutam a responder aos comandos que nos ensinaram.

Por medo do cárcere. Da solidão.

Por medo de coisas que sequer sabemos nominar.

Que sequer existem, ou sequer são válidas,

Que nos tiram o ar sem o menor tipo de contato;

Que arruínam um dia que ainda nem chegou.

O quarto passo acabou antes de começar,

Era sobre algo que eu sequer consigo me lembrar.

Frases que narrariam esperança, paciência;

Que discorriam sobre sapiência e eloquencia

E outras ciências aplicáveis a mente.

Mas meus próprios dedos me desmentem

E se recusam a explicar,

Algo em que nem eles mesmos acreditam

E eu, desacredito ainda mais;

Coisas estas que eu mesmo nunca aprendi

Apesar de visualizá-las o tempo todo.

O quinto passo é um engodo.

É um erro terrível que eu insisto em replicar.

É sobre as noites gélidas que refletem na espinha,

Dos fantasmas que assombram qualquer mente desnorteada.

Quando todas as respostas no caça-palavras formam o seu nome,

E não há nada que te alimente e mate tua fome

Ou sacie sua sede de vingança.

É a matança, física e figurada

Da sua própria mente ociosa e flagelada

Que vomita incessantemente,

Alaga tua vastidão perene

Afogando-lhe em todo tipo de pensamento.

Quando você corrói por dentro,

Lentamente cozinhando em fúria,

Dançando com uma fila interminável de lamurias;

Cada uma delas estrategicamente posicionada,

Se procriando de forma acelerada,

Descartando a necessidade da lupa

E de qualquer tipo de identificação.

Sucumbindo à pressão;

Perdendo a luta por nocaute.

Basta um penhasco que se salte,

Pois o abismo já habita em mim.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 14/08/2023
Reeditado em 14/08/2023
Código do texto: T7861090
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.