Concreto e abstrato
De duas coisas
Tenho certeza:
A morte e a tela
Do artista.
O resto é viver.
Há um silêncio enorme
Agora
Na avenida,
Ouve-se apenas
O som dos
Passos
Em meio ao brio
Desta vida.
Há poucas estrelas
No céu
E um poste tenta
Acender a luz
Na rua atropelada
Por escombros e reforma.
Vejo guardas-noturnos
Sentados
E observando...
Cumprimento-os,
Enquanto
Um gatinho se esconde
Atrás das pedras retiradas.
Há uma casa com
A luz acesa no quarto,
Onde as fotos na parede
Discorrem o abstrato.
Não muito longe
(Onde não se descreve
Esta passagem noturna)
Há sabe-se lá o quê
No universo
Desconhecido.
A minha ou nossa vida
É um dom ainda
Não descoberto,
Uma graça admirada
E provida,
Um tempo que
Se dissipa.
E tudo acaba
De repente,
Como o silêncio
Atenuante
Que na noite o
Artista
Sente
E
Acalenta.