O tempo amordaça as dores

O tempo amordaça as dores

Vai transformando as cores

E ficam desbotadas, opacas

Beber água e ficar de ressaca

Taça sem vinho, e sozinho

Vai caminhando na casa

Arrastando as antigas asas

E os chinelos tão velhinhos

Paredes brancas descascadas

Água fria na taça e só no ninho

Vai bebendo sem ser delicada

É noite de agosto, um friozinho

E as dores o tempo amordaça

Embaralha o pensar, embaraça

Os nós que por não serem fortes

Se desfizeram, falta de rumo, sorte?