ALÉM DAS SOMBRAS DA CAVERNA

Ter o solo sob os pés e partir,

sabendo das armadilhas do caminho

e mesmo assim desejar a caminhada.

 

Ter o céu sobre a cabeça

e saber que é possível alçar voo;

sempre é possível voar... sempre...

 

Confiar e esperar a chegada do novo tempo,

pois ele sempre chega àquele que sabe

os porquês da justas batalhas.

 

Infelizes os que caminham por este chão

e não tentam torná-lo cada vez caminhável,

mais livre a todos os buscadores.

 

Infelizes aqueles que não tentam

romper o campo das forças sombrias

à busca das luzes do universo.

 

Infelizes aqueles que se acham felizes

sem nunca terem experimentado caminhos

e são muitos os caminhos... muitos...

 

Infelizes aqueles que se conformam com as sombras

que bruxuleiam no fundo da caverna,

acreditando que elas sejam o mundo.

 

Um poema só para ninguém dizer que não falei de Platão.

 

 

Zildo Gallo

Americana, SP, 24 de junho de 1981.

Revisão: Campinas, SP, 20 de junho de 2017.