Breves reflexões sobre a morte e a vida
Nos versos tênues da vida a tanto florescer,
Vida e Morte entrelaçam o nosso destino,
No ciclo etéreo que o tempo traça fino,
Saudades, risos e prantos estão a correr.
Nos tantos tecidos dos destinos entrelaçados,
O Amor pode florescer em cores de alegria,
Em gestos doces, simples, na mais pura via,
E em olhares, abraços e segredos revelados.
Arde inda esta chama de querer sempre viver,
Como um choro inconsolável que vibra do violino,
Resgatando as alegrias de quando fomos meninos,
E essa inefável melodia da alma jamais irá fenecer.
Todavia a vida é um fio tão frágil, desenrolado,
Pois um dia tanto brilha aqui e já noutro se esfria;
A Morte nos afaga e nosso corpo gela e se arrepia,
Criando silêncios e cicatrizes em corações marcados.
Ah Vida efêmera, concebida e tecida em sonhos!
Tantos amores que se desfazem como meros fios,
E os ecos de um tempo feliz em recortes risonhos.
A ausência é uma presença que traz tantos vazios!
E o nascer e o partir são um mistério medonho
Neste fluir eterno, pois somos apenas breves rios.
Ah Deus! Saudade daquele tempo que não existe,
Das tardes dantes douradas e que hoje são ocasos tristes.
No coração, a dor que nunca vai embora e se desfaz.
Mas, à beira do ardoroso e frio rio, a vida deve seguir,
E mesmo a onipresente morte, em sua vil volúpia voraz,
Na lepidez da Vida, a morte ao Amor jamais desfaz.