TORRE DE VIGIA
TORRE DE VIGIA
Eis o homem nos hiatos da existência
calcificando sombra e silêncio
por onde evita os ruídos
eis o homem nas horas frias
subindo montanhas com seu gemido
ao desfazer habitações: epifania!
surge um inseto tácito e instransponível
não ousou um gesto – o homem
querem ambos ele e o bicho
os caminhos para a Torre de Vigia
são cascas de uma mesma crosta
são ânsias de um mesmo cio
lá se vai o inseto
pacificado e sombrio
logo se vai o homem
lânguido mas bravio
lá se vai o homem
estômago e arrepio
lá se vai o inseto
à estação mais febril
lá se vai o homem
cânticos e assovios
lá se vai o inseto
ao premente desafio
são cósmicos de uma mesma crosta
são quânticos de um mesmo rio