Traição
Contornos e nada mais
Um tracejado fraco sobre ciclos mensais
Repetentes no próprio existir;
As mesmas falhas que juraram extinguir,
As mesmas histórias de faz-me-rir
Um punhal adornado com meu nome
E entregue em minhas costas.
A impunidade generalizada e devota,
Dos grandes cegos e sua insistente derrota
Em validar o que deveria ser exterminado.
Você esquiva, e eu sigo sua liderança
Rendido, assistindo a matança
Das vozes que gritam opções
Em meio aos de dor;
Enquanto o verdadeiro joio
Vive livremente nos campos de trigo.
Eu estive contigo.
Quando tornei-me estátua para servir apenas de apoio;
Quando puxado pelas mesmas mãos
Que apertam sua garganta;
Mesmo quando luto batalhas de que nada adiantam;
Quando sou o único interessado num desfecho positivo.
O único com coragem de pegá-lo nos braços
E tornar-me transparente suficiente
Para que não restem dúvidas de sua parte.
Mas agora, suas palavras se parecem com as minhas
E sua descrição vagamente me remete.