A MORTE

Bem vinda

Morte

Irmã da vida

De dia

De noite

Na madrugada

Doída

Sem dor

Sedada

De repente

De ódio

A mando

Do nada

À faca

De ferida

De bala perdida

Desejada

Num suspiro

Esperada

De sede

Vestida

Nua

No chão

Na ar

Na guerra

Na paz

Morte sofrida

Procurada

Escondida

Esquecida

Lembrada

Enterrada

Embalsamada

Cremada

De véspera

Adiantada

Morte

De Mulher

De homem

De Anjo

De pai

De mãe

De irmão

De parentes

Dormindo

Descansando

Em ação

Acordada

De queda

De choque

De fogo

Atropelo

De apelo

De greve

De fome

Doença

Crônica

Aguda

E rara

De pecador

Do operário

Da virgem

Do Santo

Da pudica

Do pescador

Do estudante

Do menino

Da menina

Da freira

Do vigário

Do papa

Do estagiário

Silenciosa

Do rio

Do bicho

Da mata

Prometida

Jurada

Tranquila

Agoniada

Abortada

De desprezo

Sonhada

Real

Por amor

De amante

Passional

Pelo bem

Pelo mal

No ócio

Por trato

Por negócio

Justa

Julgada

Errada

Na estrada

Por engano

Consentida

A pedido

Na rua

Em casa

No hospital

Tratada

Envenenada

À míngua

Na lida

No fogo

Nágua

“A morte

Que é o segredo

Dessa vida”

Essa ausência

de mim

A incoerência

predita

Nos meus versos

Que buscam

nos luares

A eternidade

Que aconteça

Que me encontre

“Como quem

passeia”

Ao fim da tarde

(Pintura: “Morte e o máscaras", 1860 - 1949. James Ensor)

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 04/08/2023
Código do texto: T7853098
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