O Mar e a Areia
O Mar, impetuoso e vasto oceano,
Crescia em ondas que beijavam a praia,
A Areia, em branda espera, suave engano,
Acolhia-o, na dança do vento que assaia.
Mas, um dia, naquele instante furtivo,
As sendas dos destinos se dividiram,
O Mar partiu, deixando a Areia em deriva,
Em um adeus que ao coração feriram.
A Areia, só, na solidão erma e fria,
Sentiu-se em desalinho, triste sina,
Perdida em suas mágoas, noite e dia,
E o Mar, em sua imensidão, peregrina.
Sem a uníssona dança, que outrora os unia,
O eco do silêncio os separava,
Enquanto a Areia, ao Mar, pedia,
Que a abraçasse novamente, a embalava.
No entanto, o Mar seguiu em seu caminho,
Encontrando novos portos, novas margens,
Enquanto a Areia, ao vento, em vão sozinho,
Esperava a volta das suas viagens.
E assim, o Mar e a Areia, em dissociação,
Conheceram as consequências da partida,
Como a água e a terra, em separação,
A vida seguiu, em dor compartida.
Oh, como os rastros das ondas na areia se desfazem,
Assim também desvanecem as lembranças,
No coração, as marcas da saudade jazem,
E a vida segue em suas tristes danças.