O Mar e a Areia

O Mar, impetuoso e vasto oceano,

Crescia em ondas que beijavam a praia,

A Areia, em branda espera, suave engano,

Acolhia-o, na dança do vento que assaia.

Mas, um dia, naquele instante furtivo,

As sendas dos destinos se dividiram,

O Mar partiu, deixando a Areia em deriva,

Em um adeus que ao coração feriram.

A Areia, só, na solidão erma e fria,

Sentiu-se em desalinho, triste sina,

Perdida em suas mágoas, noite e dia,

E o Mar, em sua imensidão, peregrina.

Sem a uníssona dança, que outrora os unia,

O eco do silêncio os separava,

Enquanto a Areia, ao Mar, pedia,

Que a abraçasse novamente, a embalava.

No entanto, o Mar seguiu em seu caminho,

Encontrando novos portos, novas margens,

Enquanto a Areia, ao vento, em vão sozinho,

Esperava a volta das suas viagens.

E assim, o Mar e a Areia, em dissociação,

Conheceram as consequências da partida,

Como a água e a terra, em separação,

A vida seguiu, em dor compartida.

Oh, como os rastros das ondas na areia se desfazem,

Assim também desvanecem as lembranças,

No coração, as marcas da saudade jazem,

E a vida segue em suas tristes danças.

Bernardo Reis
Enviado por Bernardo Reis em 27/07/2023
Código do texto: T7847442
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