DISCREPÂNCIAS
Há mais sapatos que pés,
E há mais pés do que passos,
Mais passos do que caminhos,
Mais caminhos que destinos.
Mais sentenças que justiça,
Mais justiça que verdades,
Mais verdades escondidas
Sob o badalar dos sinos.
Se eu olho muito, não vejo,
Se penso demais, não entendo,
Se eu falo, não me escutam,
-Malfadado desatino!
Estou à beira do mundo,
Estou no meio de tudo,
À direita e à esquerda,
Sob os olhares lupinos.
Eu quero um par de sapatos
Que me levem a uma estrada
Eu quero um pouco de paz...
-Talvez eu nem queira nada!