A CURA DO TEMPO

A vida ,

na sua rebeldia

e cadência veloz,

sangra no tempo.

Sangra no tempo

da poesia

quando o poeta

enlouquece

à procura

de um fonema

qualquer.

Sangra na flor

que a esmo,

a cada manhã,

insiste em sorrir

tantas cores no jardim.

Na revoada das garças,

tingindo de liberdade

o céu azulado do sertão.

Sangra na chuva

que escorre do céu

e nos faz esperar.

Sangra na saudade

que nos faz buscar

o silêncio.

Na angústia da dor

que nos leva

ao encontro

da esperança.

A vida

sangra no tempo

quando a canção,

na sua viagem,

nos faz parar

para tragá-la.

O tempo nos sangra

nas brincadeiras

ao léu,

na conversa fiada

e no ócio imaginativo.

Sangra-nos

em busca de um amor

nas tardes dos verões

à beira-mar.

O tempo da arte

sangra a vida…

Para nos curar

e aliviar a existência

do intrínseco veneno.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 25/07/2023
Reeditado em 25/07/2023
Código do texto: T7845538
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.