Contra Intuições
Dizem pelas ruas
Que ele perdeu sua noção
Que confunde fila de preferência
Com vias contra-mão
E que busca solução para uma dúvida
Que lhe respondem todos os dias;
Dizem as más línguas
Que as inguas de seus músculos saltam
E que as veias de seus olhos sangram ao comando;
Que o coração pulsa tão violento
Que suas batidas são ouvidas a quilometros de distância;
E que não existe, neste mundo
Neste universo
Alguém que consiga
Ou algo que já conseguiu
Estar entre ele e seu objetivo
E permaneceu intacto.
Mas, nas entrelinhas
Em frequências mais baixas do que os sussurros assustados
Em golpes de olhar, em movimentos gestuais
Passa-se, também, outra mensagem
Que dita covardia e não coragem
E outras contra intuições:
Que a muralha não existe
E que o carvões da locomotiva já são cinzas há muito tempo;
Que a batucada ensurdecedora não provém de si
E que junto de sua ira, tecem a grande coberta de mentiras
Da onde tira o seu calor.
Que foi derrotado, há tempos, por si mesmo
Tomou metade da vitória como se fosse sua
Ou como se fosse grandiosa;
E brada aos sete ventos sua conquista honrosa.
Construiu o próprio trono com rasgos de sua atuação
Clonou a si mesmo para existir alguém que o clamasse rei;
Transmite constantemente mensagens de pura raiva e emoção
Mas não saberia distinguir clemência de dó;
Não percebe que existe só
Num mundo que não existe de jeito nenhum.