Contra Intuições

Dizem pelas ruas

Que ele perdeu sua noção

Que confunde fila de preferência

Com vias contra-mão

E que busca solução para uma dúvida

Que lhe respondem todos os dias;

Dizem as más línguas

Que as inguas de seus músculos saltam

E que as veias de seus olhos sangram ao comando;

Que o coração pulsa tão violento

Que suas batidas são ouvidas a quilometros de distância;

E que não existe, neste mundo

Neste universo

Alguém que consiga

Ou algo que já conseguiu

Estar entre ele e seu objetivo

E permaneceu intacto.

Mas, nas entrelinhas

Em frequências mais baixas do que os sussurros assustados

Em golpes de olhar, em movimentos gestuais

Passa-se, também, outra mensagem

Que dita covardia e não coragem

E outras contra intuições:

Que a muralha não existe

E que o carvões da locomotiva já são cinzas há muito tempo;

Que a batucada ensurdecedora não provém de si

E que junto de sua ira, tecem a grande coberta de mentiras

Da onde tira o seu calor.

Que foi derrotado, há tempos, por si mesmo

Tomou metade da vitória como se fosse sua

Ou como se fosse grandiosa;

E brada aos sete ventos sua conquista honrosa.

Construiu o próprio trono com rasgos de sua atuação

Clonou a si mesmo para existir alguém que o clamasse rei;

Transmite constantemente mensagens de pura raiva e emoção

Mas não saberia distinguir clemência de dó;

Não percebe que existe só

Num mundo que não existe de jeito nenhum.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 24/07/2023
Código do texto: T7844504
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