Ficando longe
Os anos passam e, quanto mais passam,
mais distante estou ficando.
Sinto-me cada vez mais longe de tudo,
das pessoas, dos lugares, das festas.
Cada vez mais solitário enquanto o tempo passa,
olho para trás e vejo que o esforço feito
tem recompensas, uma evolução a partir daquele
ponto de chegada à ultrapassagem da faixa dos 50 anos.
Tenho a sensação de ter corrido muito,
mas o êxtase da chegada logo se foi.
Não é estranho? Hoje tudo parece mais fácil,
porém, há um imenso sentimento de vazio.
Estamos todos juntos e, ao mesmo tempo, separados,
distantes, tristes e isolados.
Era melhor porque era mais difícil,
ou era mais difícil porque era melhor?
Esse questionamento reverbera em meu cérebro,
e, pelo menos na minha limitação,
ainda não encontrou uma resposta.
Isso mostra que há ainda um monte
de interrogações que surgem dessa questão
que assombra, assusta, amedronta e cala.
Corremos contra o tempo, enfrentamos desafios.
Pessoas ficam pelo caminho e, nessa linha,
magoamos e somos magoados.
Na verdade, acumulamos experiência,
mas também entulho, lixo, e temos que reciclar muitas vezes.
No fundo, somos mais cicatrizes do que vemos.
Muitos têm receitas prontas que não funcionam,
orientam a deixar o entulho de lado,
mas não suportam nem as próprias dores e cicatrizes.
A única coisa que nos torna firmes é apenas
um sentimento: tem que valer a pena viver.