Bailique
Fecho os olhos e minha mente voa
Revivo minhas alegrias de juventude,
Rememoro minhas doces primaveras!
a vida simples e verdadeira que eu tinha
Olho e vejo o balé das garças,
o colorido dos guarás
o vai e vem das marés
a doce e suave brisa da manhã
a cantilena dos pássaros
e a diversidade da vida!
o desfile das embarcações
em todas as direções do arquipélago
das terras do Equador, meio do mundo
celeiro tucujus, povos das águas,
beleza da MACAPABA,
Imponente ,pujante eras tu,
ó Bailique, paraíso do Amazonas
Sereia do Cabo Norte,
maior de todo mundo,
Já a muito esquecido.
Meus olhos abrem e a realidade surge!
Terras caídas,casas fantasmas,
bosques devastados,
escolas sofridas
mesmo a bosque modelo,
O retrato do abandono,
Terra sem dono,
despatriada e desprezada,
filho que a mãe esqueceu!
Tua imagem é a cor da desesperança
Pois o ontem se tornou lembrança
no filho que permaneceu
e a confiança de dantes
esvaziou-se, murchou e se perdeu
porque a multidão de sonhos
tornou-se realidade vazia.
Prostituíram tua simplicidade
tua cultura e verdade,
não cumpriram o que prometeu
e agora já sem forças,
luta pela vida dos irmãos:
Arraiol, Livramento, Progresso,
Curuá, Marinheiro, Parazinho
Igaçaba, Franco, Faustino
Sabe como estão estes meninos?
Não, muitos não sabem.
Só enamoraram, prometeram casamento
e como vento desapareceram
mas a solidão permanece!
Bailique não é filho pródigo
é tesouro abandonado,
Não é pobre coitado,
mas minha alma chora
porque o menino padece,
as lembranças, em lágrimas descem!
Por que te tratam assim, menino Bailique?
acaso não eras tu, os olhos de muitos,
que com palavras doces te iludiram.?
Onde estão eles agora,
que teus braços desapareceram
e tuas vestes naturais caíram?
Eu olho, eu ouço e até os pássaros choram
Mas, já não tenho mais lágrimas,
apenas me indigno
ao lembrar do menino
que brincava na infância,
Com o Amazonas e o Atlântico
hoje um triste retrato
um grande buraco
um vazio no horizonte,
a morte aproxima,
Bailique, quanto tempo durarás ?