Canção da Pedra

Na canção da Pedra a poesia se desperta

E há em sua quietude segredos que encerra.

É silenciosa, mas carrega em si a essência,

A história milenar, a força da sobrevivência.

A Pedra, anciã primeva da cosmologia dura,

Em sua solidez guarda todas memórias puras.

Sua superfície, rugosa, sulcada e tão marcada,

Reflete as curvas do tempo na água avivada.

Na canção árida da Pedra a alma se conecta

Ao toque das mãos, e uma prece de joelho reza.

Os dedos deslizam em busca das notas do silêncio,

Ouvindo o brado do passado em seu compêndio.

A Pedra, filha da terra, irmã do infinito,

No seu cerne é o mistério aflito mais bonito.

Seus veios e seios são leitos e açudes sinuosos,

Revelando mistérios profundos e assombrosos.

Na canção da Pedra o tempo flui e se dissolve,

Presente e passado se fundem na areia que corre.

A Pedra possui uma alma que a tudo cria e derrama,

A pedra é a voz muda que o vento espalha de sua manta.

A canção da Pedra transpira melodia e calma,

Convida-nos a contemplar a essência da alma.

Assim, em versos pétreos e polidos de camponeses,

Celebro o primeiríssimo canto criador da Pedra

[que nasceu e ainda vive antes de todos os deuses.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 16/07/2023
Reeditado em 17/07/2023
Código do texto: T7838335
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