Canção da Pedra
Na canção da Pedra a poesia se desperta
E há em sua quietude segredos que encerra.
É silenciosa, mas carrega em si a essência,
A história milenar, a força da sobrevivência.
A Pedra, anciã primeva da cosmologia dura,
Em sua solidez guarda todas memórias puras.
Sua superfície, rugosa, sulcada e tão marcada,
Reflete as curvas do tempo na água avivada.
Na canção árida da Pedra a alma se conecta
Ao toque das mãos, e uma prece de joelho reza.
Os dedos deslizam em busca das notas do silêncio,
Ouvindo o brado do passado em seu compêndio.
A Pedra, filha da terra, irmã do infinito,
No seu cerne é o mistério aflito mais bonito.
Seus veios e seios são leitos e açudes sinuosos,
Revelando mistérios profundos e assombrosos.
Na canção da Pedra o tempo flui e se dissolve,
Presente e passado se fundem na areia que corre.
A Pedra possui uma alma que a tudo cria e derrama,
A pedra é a voz muda que o vento espalha de sua manta.
A canção da Pedra transpira melodia e calma,
Convida-nos a contemplar a essência da alma.
Assim, em versos pétreos e polidos de camponeses,
Celebro o primeiríssimo canto criador da Pedra
[que nasceu e ainda vive antes de todos os deuses.