JARDIM DO NOVO MUNDO
Quando me restou
o derradeiro gesto
no desespero
do meu íntimo
e último manifesto…
Desejei voar
e encontrar
a liberdade
do voo
para fugir
da escuridão.
No meu voo
de Ícaro,
não senti calor,
congelei-me
na imensidão.
O ar frio que tragava
petrificou meus sonhos,
músculos e pulmões.
No fundo do quintal
brilhava o sol londrino
quando em queda livre
acertei o chão.
Na fração
de um instante,
tingi de vermelho
rutilante
a ordem matinal
dos verdes jardins
de Londres.
O sonho
do novo mundo
derreteu naquela
humana explosão.
Liberdade e Frio;
Grama e Chão,
e sangue pelos muros
nessa eterna solidão.
(Imagem: impacto da queda de um corpo de passageiro clandestino, que caiu do trem de pouso de um voo da Kenya Airways, antes da aterrissagem em Londres - julho 2019)