JARDIM DO NOVO MUNDO

Quando me restou

o derradeiro gesto

no desespero

do meu íntimo

e último manifesto…

Desejei voar

e encontrar

a liberdade

do voo

para fugir

da escuridão.

No meu voo

de Ícaro,

não senti calor,

congelei-me

na imensidão.

O ar frio que tragava

petrificou meus sonhos,

músculos e pulmões.

No fundo do quintal

brilhava o sol londrino

quando em queda livre

acertei o chão.

Na fração

de um instante,

tingi de vermelho

rutilante

a ordem matinal

dos verdes jardins

de Londres.

O sonho

do novo mundo

derreteu naquela

humana explosão.

Liberdade e Frio;

Grama e Chão,

e sangue pelos muros

nessa eterna solidão.

(Imagem: impacto da queda de um corpo de passageiro clandestino, que caiu do trem de pouso de um voo da Kenya Airways, antes da aterrissagem em Londres - julho 2019)

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 14/07/2023
Reeditado em 14/07/2023
Código do texto: T7836542
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