Tempos difíceis.
No final, a quem será que interessa
Tanta conversa vazia
Se todo dia amanhece igual
Acrescido de outro dia
Esse sim, nos distancia
Há pressa, sempre a pressa
Apressa-lhes em ter a razão
Pra, depois, se acelerarem
Em provar, me convencer
A quem interessa esses dias
Em que tantos se apressam
Fazer pose ao lado da mentira
Essa, tão bem maquiada!
Mercenária, meretriz prostituída
Faz da pobre da verdade
Uma desabrigada
Algo fora de moda
Uma nada na vida, coitada!
A coroa de espinhos
Desde que banhada em ouro
Cercada em trama de linho branco
Digna de ser louvada!
Todo dia amanhece igual
Porém, tão distante do início
A pressa, pra que tanta pressa
Dessa arrogância descalça
Fingindo humildade
Em caiar os sepulcros
De velhas amizades
Pra ninguém nunca saber
O quanto um dia foram falsas
Hoje, o dia amanheceu-me igual
Acrescido de outro dia, agora
Embora eu sinta
Que, talvez, jamais tenha crescido
Trago as dores de outrora, ainda
Vejo o mundo parecer perdido
e com pressa de atirar-se
No próximo precipício
A vida me parece um livro
de capa bonita
Poucas vezes aberto
Tanta gente acredita tê-la compreendido
Que bonita essa capa, precisamos colori-la.
O difícil era o prefácio
Que tão poucos ultrapassam
Vejo tantos, que disseram se encontrar
Declararem, logo após:
Estou buscando meu eu interior
Chego a ouvir o eco da procura
No final, a quem interessa
Tanta gente, em segredo, vazias
Enlouquecidas, pelo medo da loucura.
Edson Ricardo Paiva.