162°
Abriram a jaula da bestialidade humana
E dela saiu esse excremento que vos escreve
Um simples camponês de terras inférteis
Cultivando uma escrita que fere os que sabem ler
Alguns equivocadamente chamam-me de poeta
Só por rimar em dois ou mais versos
Acabo de matar dois poetas com uma versada só
O que escrevo a cada dia vai de mal a pior
Coisas que uma mente sadia não faria
Escrever não é um dom, é uma estúpida mania
De alguém que acha que é poeta só porque ler poesia
Não rezei ao raiar do dia e talvez isso me afaste de deus
Meu semblante carrega a loucura que Diógenes tinha
Esqueci de avisar que tenho a péssima mania
De me comparar com aqueles que falaram merda no passado
Que se achavam no direito de inventar a realidade
Talvez eu só queira dormir com os cachorros na rua
E acordar com as pulgas da vaidade
Deixou-se que eu saísse da jaula
Agora vão ter que aguentar a minha estupidez.
Otreblig Solrac - O poeta burro