O MAIS FORTE
Posso ser uma pedra,
Dura, áspera, e afiada.
Posso ser grande esfera,
Que ao rolar, tudo esmaga.
Posso ser árvore imponente,
E tombar facilmente,
Ao receber machadadas.
Posso ser uma faca,
Que lançada á rocha forte,
O seu fio se desfaça,
Não mais fure nem corte,
Posso ser uma chicote,
Que em espinhos se enrosque,
E ele me destroça.
Posso ser um edifício,
Mas, se desmoronando,
Nem abrigue meus filhos,
Tornar-me em escombros.
Posso ser muitas águas,
Que se represadas,
Presa acabe ficando.
Posso ser um corcel potente,
Que ao galope viril,
Vir tombar de repente,
E padecer num covil.
Posso ser a loucura,
Que se presa em torturas,
Esqueça até que existiu.
Posso até ser o vento,
Que em tudo da peia,
Que ao penhasco batendo,
Desvia e ricocheteia.
Posso ter força imensa,
Mas sempre há quem me vença,
Barre minha peleia.
Posso ser uma fera,
O maior predador,
Que a tudo esfacela,
Mas ante ao caçador.
Caio feito gazela,
Se em tocaia me espera,
E morro, esvaindo-me em dor.
Posso até ser um poeta,
Machucar com palavras,
Mas quando a dor me aperta,
Até o peito se cala.
Digo não só o que penso,
Mas a que mundo pertenço,
Se o covarde não fala.
Jamais posso tentar,
Ser alem do que eu,
Nunca ultrapassar,
Os direitos que são seus.
Entre a vida e a morte,
Ninguém é o mais forte,
O mais forte é Deus.
Ladislau Floriano