“NO CAMINHO COM NIETZSCHE”
Tenho que rasgar o mapa
Desviar a rota
Desconhecer atalhos.
Tenho que me calar
Ouvir o duro e o absurdo.
Tenho que recolher meus cacos
Triturar meus cacos
Ferir-me no sal
Debulhar espinhos, renegar ao ninho.
Cultuar o feio
Esquecer banquetes
Ausentar o charme
Calejar os dedos.
Tenho que me espalhar
Sem bússola e sem relógio
Sem chances para me achar.
Sem pano para cobrir-me
Sem carne para pecar
Sem lápis para traçar
O lirismo que quer pulsar.
Salivar o osso
Engolir o fel
Segurar o choro
Crispar a face
Mastigar o joio
Doar o trigo
Cariar o riso
Lamber o chão imundo
E depois...
Refletir profundo
Segurar o prumo
Escalar do fundo
Redescobrir o mundo
Alcançar o cume
Celebrar o trunfo.