Olhos de Cimento
Talvez também tenha olhos de cimento
que giram sombras nas palavras ditas
em um tempo que não mais volta
e que silenciou o que não houve
- meu poema calado de saudades -
na quietude do concreto frio.
Se teus passos se vestem de flores
suavizando ruas, tocando as pedras
de paralelepípedos infindos,
quem sabe - em teu andar cambaleante
de infinitos que adormecem -
me encontras debruçada
por sobre o abismo de poemas
em teus versos triscados de céu
inundados de néctar dos eternos
na terra pura de um recanto de letras.