Ampulheta
Ampulheta
Félix Maier
Na ampulheta o tempo escorre, não se engana,
A areia fina, grãos de vida, inclemente.
Mero observador, vejo a rotação constante,
O cair inexorável que o tempo esgana.
Como deter o fluxo? Quem desafia o tirano?
Ora, o tempo, senhor implacável, persistente,
Com sua fúria implacável e insistente,
Rouba instantes infinitos e me deixa insano.
Mas se pudesse deter o cair da areia,
Aprisionar a ampulheta em um instante eterno,
Viveria livre dos ferros dessa cruel cadeia.
Porém, sei que não é possível esse intento,
A vida é fugaz, voa como libélula, terno.
E eu sigo a afrontar o roubo do tempo.