Sem Delongas

E o dia passa sem delongas.

Assim como um pequeno barco

à deriva em um mar tempestuoso...

solto, longe, bem longe do cais para aportar.

 

É que a vida tem solos inalcançáveis

para asas de alturas inimagináveis

e sonhos desmesurados.

 

Por isso, me perco em ruelas interiores,

e me aquieto em meu mar,

apiedada de minhas (in)lucidezes...

 

Um dia, assim, sem migalhas pra sorrir,

é como a onda na areia quente e macia:

adormecida de sonhos,

passa a vida à lamber feridas

que ela mesma se faz,

tocando de mansinho a terra

que nunca, jamais irá conquistar...

pois o mar chega à areia quente da praia

a beija apaixonadamente

e de onde veio segue o seu voltar...