...VOCÊ, MEU PRÍNCIPE ENCANTADO, E EU A SUA PRINCESA...

Ah! Quando estamos apaixonados, tudo é tão visceral, as emoções transbordam, ficam a flor da pele, aquela sensação de que quando juntos da pessoa amada, tudo se transforma, tudo se torna tão intenso, como se um se completasse no outro , onde realmente não houvesse a" falta".

Defeitos? Não, só enxergamos as qualidades .

Eu passo a admirar tanto o outro, não só os traços, mas também o seu caráter, a sua gentileza e além disso, como não ficar encantada com tantos atributos, tão inteligente, brilhante como sempre!.

Começamos a gostar de tudo que em parte é diferente de nós.

Passo a admirar o seu jeito alegre e brincalhão, o seu jeito "descolado", a sua espontaneidade é cativante, você chega a ser o centro das atenções. Tão diferente de mim, mais comedida, até dosando as palavras para não sair da medida; como se você completasse em risos o meu lado contido.

E quando o outro nos elogia ficamos nas alturas, não é assim que nos sentimos? Aos olhos da pessoa amada só temos qualidades, somos espirituosas, inteligentes, perfeitas, uma princesa, tão atraente...

Como não ficar encantadas?

Ah, e quando estamos juntos, em frenesi, esquecemos do mundo, não existe a falta, um se completa no outro em um encaixe perfeito...

Você, meu príncipe encantado...

E eu, a sua princesa...

"Na busca pela nossa felicidade passamos, muitas vezes, a buscar a felicidade no outro , como se só o outro nos completasse e inconscientemente não percebemos que buscamos no outro a parte que falta em nós.

E isto pode ser muito perigoso, pois essa " idealização" quando em grau muito elevado, pode trazer dependência emocional e afetiva, e ficamos "reféns" dos nossos companheiros; como se nós só existíssemos a partir da aprovação do olhar do outro.

Isto pode trazer muitas frustrações e nesta busca incessante pela "completude" acabamos não nos apropriando daquilo que realmente somos, corremos o risco de fragmentar a nossa personalidade e perder a nossa individualidade.

Todo relacionamento começa idealizado, mas é preciso aos poucos tornar visível as imperfeições de cada um e aprender a valorizar o outro por aquilo que ele é de forma genuína e não por aquilo que foi construído por nós.

O outro nunca vai poder completar a nossa falta , pois esse é um caminho de busca interior e os recursos estão dentro e não fora de nós.

E nós também nunca seremos a parte faltante do outro.

O amor complementa, mas não completa o que falta dentro de nós.

O amor amplia aquilo que já temos dentro de nós e o que vejo no outro, muitas vezes, pode ser parte faltante de mim mesma".

"Se existe um objeto de teu desejo, ele não é outro senão você mesmo."

( Do Psicanalista Jacques Lacan).