Eu não entendo da finitude

ou infinitude do universo.

 

Para mim ele é,

existe na finitude de sua infinitude,

mas se isso é ou não é racional eu não sei.

É, sim, um enigma.

É um enigma porque

se é um moto contínuo, infinito é...

e segue em seu traçado eterno e infinito

como um cometa que percorre o céu

semeando um rastro de luz

e avançando à escuridão e ao nada

que inexiste se há possibilidade de nele adentrar

e avançar... Ou não?

 

Como saber o que rege

o tracejar dos caminhos das estrelas

sem conceber a existência de alguém

segurando as pontas

dos dois lados do mundo

(o de fora, o de dentro,

o de lá, o de cá,

o de cima, o de baixo)

com mãos de amor?

 

Mas, Maria, e como ficam os conflitos ?

E como ficam as guerras?

E como falar das mortes, das perdas?

Se o universo é finito tudo e todas

já deveriam ter, com algum fim, perecido,

mas, se o universo é infinito, nunca cessarão...

de que adianta pela paz e amor lutar?

 

Não sei, não sei...

E não saber também é uma certeza que se tem.

É um saber que não cabe em si,

transborda, pois, se sabe...

E eu sei... que não sei...

 

Mas, também sei

que o universo é um moto contínuo de vida

que se renova e se transforma

- somos prova disso -

independente do tempo,

do espaço, do sentimento meu e teu.

 

Somos como as estrelas

que percorrem suas estradas num rumo incerto,

mas seguem sempre em frente,

sempre em busca de sua própria essência encontrar.

Se o que vemos (a luz da estrela) é sua morte,

digo que a morte é luz, é vida e, não posso,

nem eu mesma, que morta sou, discordar.

 

Que faz existir o sol e rodar

o universo de estrelas ao seu redor?

Não sei, não sei, mas sei

que numa delas (in)existo eu...

(in)existimos eu e você - Nós.

 

Somos um no grande moto contínuo,

em movimento perpétuo

em busca de nós mesmos,

e ousamos, um dia, nos encontrar e juntar...

 

Por quê? Como?

Sei que... Não sei, não sei... mas Sei!

 

 

"Que o universo seja finito e limitado, infinito e ilimitado,

tanto uma como outra dessas duas hipóteses são irritantes para o espírito.

De maneira mais geral: em toda explicação, e qualquer que seja seu objeto,

resta um porquê, um como; ou surge um novo porquê, um novo como" (Edgar Morin).