O triste fado humano
Nas profundezas da terra fria e escura,
O corpo jovem repousa, sem ternura.
O solo abraça seus membros tão cansados,
Enquanto o coração já está silenciado.
A terra, então, o acolhe em seu largo regaço,
Num abraço de paz, onde encontra o espaço.
O tempo vai comendo o corpo com tal velocidade
Consumindo a carne em uma brutal voracidade.
Os ossos frágeis resistem ainda ao tempo,
Enquanto o corpo se desfaz lentamente.
A podridão se espalha, em putrefação,
Numa sinfonia macabra de decomposição.
Os vermes são os convidados da festa,
Que devoram o corpo, sem alguma pressa.
A pele, outrora cheia de vida e sorridente,
Agora é um manto pálido, frio e decadente.
Os olhos, o rosto, a voz e os planos se liquefazem
Enquanto o corpo e os sonhos agora no túmulo jazem.
Aquela contagiosa juventude, um dia tão brilhante,
Agora é cinza, pó e sombra esquecida e constante.
Mas o espírito, ah, o espírito, talvez exista além,
Livre da doença, de tal dor que não merece ninguém.
Debaixo da terra, encontra o silêncio do seu destino,
E o mundo continua, como se eu nunca tivesse existido.
Assim é a vida de todo homem, um ciclo implacável,
Pulsavam manhãs em meu jovem corpo vulnerável.
Mas, no ocaso, na terra, tudo e todos encontram seu fim,
E o espírito, quem sabe livre, encontre outra vida, enfim.