Lágrimas na Montanha

A mágoa, guardada ao universo, turva,

como pesadas nuvens no céu de agora,

desviando a luz no nascente, fazendo curva,

como o amor que, pelo desgosto, foi embora.

Chora por mim, escura nuvem solitária,

sombras pela Montanha, rosas perfumadas,

onde a paixão por ti é quase sectária,

nas veredas estreitas das Terras Queimadas.

Chove lágrimas, umedece os lábios meus,

deixa a luz do luar refletir sobre meu rosto,

como podes achar na escuridão teu deus,

se durmo sobre a cruz a soluçar desgosto?

Cai a chuva se contorcendo, preguiçosa,

e uma réstia de luz pálida e desolada,

cai suave, e reflete sobre a poça amorosa,

do teu olhar a lágrima fiel e delicada.

Minhas mãos que te procuram em agonia,

sobre a Montanha, em um sonho acordado,

onde meu coração se perde em nostalgia,

na escuridão da dúvida, abandonado.

Aqui, inerte na solidão do pensamento,

vivendo cada lágrima tua com paixão,

bebendo a chuva no cálice Sacramento,

no matiz rubro das gotas do coração.

É meu este sonho que agora me sufoca,

e que ao mundo do desejo me transporte,

sobre um soluço que asfixia e provoca,

sumindo num orvalho acre sob a morte.

JarbasTaboza
Enviado por JarbasTaboza em 11/06/2023
Código do texto: T7811029
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