O Acolhido

Eu agradeci teu zelo

Com uma oração num piscar de olhos

Presa em meus cílios

Uma lágrima borrou o horizonte

E pela primeira vez em décadas,

Me vi liberto e ileso

De todo mal que domei nos meus dedos

Varrendo meus poros como um lar

Nada mais pesa em minha goela

A minha condição é uma vela caindo

Ao redor de uma tradição de barro escoltada

Mas tudo bem, eu faço brilho no mistério da noite

Aprendi a ser só, aprendi a acolher

Aprendi a rir dos meus exageros

Que arrotam vingança contra meu desleixo

Ainda que fosse a tradição da colheita

Eu conheci o peso das palavras

Observando a calma e o desespero

Eu elegi a delicadeza dos meus erros

Para encontrar a beleza além do que se espera

Todas as paixões e coisas ordinárias

Todo o sentimento puro expressado

Ainda aos vivos, a festa descarada e sem gênero

Que dançam sem saber como e apesar disso, insistem

Eu quero ser toda essa gente

Que ri, chora e comemora

Pertencendo ao momento

Realizando um ritual silencioso pela vida

Eu ainda quero o conforto dos teus braços, é verdade

Mas eu sei que ainda não sou digno deles

E ninguém ainda é digno do amor que eu tenho em mim

Eu só peço maturidade para reconhecer o encanto dos encontros...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 09/06/2023
Reeditado em 17/06/2023
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