O Acolhido
Eu agradeci teu zelo
Com uma oração num piscar de olhos
Presa em meus cílios
Uma lágrima borrou o horizonte
E pela primeira vez em décadas,
Me vi liberto e ileso
De todo mal que domei nos meus dedos
Varrendo meus poros como um lar
Nada mais pesa em minha goela
A minha condição é uma vela caindo
Ao redor de uma tradição de barro escoltada
Mas tudo bem, eu faço brilho no mistério da noite
Aprendi a ser só, aprendi a acolher
Aprendi a rir dos meus exageros
Que arrotam vingança contra meu desleixo
Ainda que fosse a tradição da colheita
Eu conheci o peso das palavras
Observando a calma e o desespero
Eu elegi a delicadeza dos meus erros
Para encontrar a beleza além do que se espera
Todas as paixões e coisas ordinárias
Todo o sentimento puro expressado
Ainda aos vivos, a festa descarada e sem gênero
Que dançam sem saber como e apesar disso, insistem
Eu quero ser toda essa gente
Que ri, chora e comemora
Pertencendo ao momento
Realizando um ritual silencioso pela vida
Eu ainda quero o conforto dos teus braços, é verdade
Mas eu sei que ainda não sou digno deles
E ninguém ainda é digno do amor que eu tenho em mim
Eu só peço maturidade para reconhecer o encanto dos encontros...