EU
Os raios amarelos de um novo sol
inundam as frestas da minha janela.
Mas teimo em continuar sozinho
no esquecimento da minha exatidão!
A minha temida lucidez
embriaga-se mais uma vez.
Vicio-me na minha timidez,
amanhã tomarei o último porre,
talvez...
Ah! Essa teimosa paixão
deixa-me rastejante
e inevitavelmente
preso ao chão.
Sofro de sonhar
sonhos insones,
luminares e breus.
Vejo os amanhãs inalcançáveis
nessa luta hercúlea.
Enfim, “O que seria de mim
se não fosse eu!"
(Existem expressões que quando ouvimos pela primeira vez, nos fazem pensar um pouco. "Ai de mim se não fosse eu", falado pelo músico percursionista Douglas Amorim. Imagem: Sleep, 1937 - Salvador Dali)