NO COLETIVO
Que eu seja um astro, uma estrela.
Mas que tenha em mim a consciência
De que faço parte de uma constelação.
Que eu seja uma árvore ou seja flor.
Contudo, que tenha o conhecimento
De que faço parte de um bosque, um buquê.
Que eu seja um mercador, um viajante.
No entanto, que tenha a sapiência
De que sou porção de uma caravana.
Que eu seja canção ou poesia.
Entretanto, que tenha enfim o saber
De que sou um trecho do cancioneiro.
Que eu seja um estudante, operário.
Contanto, que tenha conhecença
De que sou parcela de uma assembléia.
Que eu seja um lobo ou um cão.
Mas que tenha em meu ser a ciência
De que sou fração de uma matilha ou alcatéia.
Que eu seja uma formiga, um inseto.
Todavia, que sinta em meu ser a certeza
De que faço parte de uma colônia.
Que eu seja uma ave, um pássaro.
Contudo, que a minha suave leveza
Desperte a unidade que sou do passaredo.
Que o homem, a criatura, o ser que sou:
Único, singular, ímpar.
Compreenda, entenda de algum modo.
Onde estive, onde estou, onde vou...
A minha compreensão sempre alertar:
Sou apenas um na totalidade, na união... no todo.
“Quanto mais me aceito como
indivíduo que faz parte de um coletivo,
mais próximo fico do mergulho
simbólico nos rios que deságuam no mares do mundo”