Frustração

Frustração.

 

Não consegui sair.

Tudo deu errado.

O transporte.

A roupa.

A maquiagem.

As palavras.

 

Há uma tríade de moléculas rebeldes

em todos os tecidos.

 

A trama das aranhas é bem urdida.

E, nós humanos, mal conseguimos dar uns nós.

Talvez o mais notável, seja o nó da forca.

 

Não consegui sair.

Presságios deixam vestígios.

Pegadas, troncos quebrados,

ventanias súbitas.

 

E, a queda da temperatura.

E, o sol lusco-fusco.

E, o brandir de palavras ao vento.

Escorre para o infinito, ações e valores.

 

Fico a pensar que ralo é este?

Para onde vão tantas coisas fugidias?

 

O silêncio do monge.

A palavra do mestre.

O gesto magnânimo

O pontapé inicial.

E, a última palavras

antes da morte?

 

Que sorvedouro é esse

que nos traz tanta semântica

e retórica?

Ou será metafísica?

Só sei que nada sei.

 

Um instante e o tempo se esvai.

O momento e toda eternidade finda-se.

Será um enigma?

Será mágica?

Ou apenas humano demasiadamente humano.

E, o que não me mata, apenas me fortalece.

 

E, a força ao fenecer

escreve uma estória.

Transcreve uma narrativa.

Epopeia.

Ou comédia?

Todos são risíveis.

Irônicos e capengas?

Quem saberá?

 

Só sei que nada sei.

Apenas a dúvida massageia

minhas costas.

 

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/05/2023
Código do texto: T7795550
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