Reflexões noturnas
Na noite escura e tão profunda,
O vento geme em efêmero desespero;
E as folhas dos carvalhos dançam
Ao som do alegre canto derradeiro.
Esse mar revolto dança e brada
Numa sinfonia celestial e infernal,
E as ondas se erguem, belas e bravas,
Em um misterioso ritual colossal!
A lua sorri! No céu turvo da mente
Ergue-se o manto calmo e prateado.
As estrelas piscam-nos, timidamente,
Em um breve espetáculo encantado.
As ruas e becos são artérias pulsantes,
E os sons se misturam em sinfonia,
O pulsar da vida é um rio constante,
E a paixão ardente renova a alegria.
Neste dia agora sombrio e solene,
O mistério evola-se em cada ser,
E as almas vagam errantes em busca
Do amor que as fará resplandecer.
Os amantes se beijam na penumbra,
E as almas se entregam à paixão!
A noite é um convite à luxúria
E ao prazer sem qualquer contrição.
Mas a madrugada chega sorrateira,
E a cidade se acalma em sonoro torpor.
O silêncio é uma doce companheira,
E o descanso é um bálsamo de amor.
Findar-se-á a noite e tudo ficará então quieto,
Brotará a calmaria cujo dia se fará presente.
O Mar tornar-se-á manso, forte, reto, discreto;
E o Amor fluirá o curso das águas, refulgentes.
[ Expressar-se-á Deus na mudez dos seres e momentos
Com o silêncio que gera flores, amores e conhecimentos.