Alada

Voava sem asas

Não precisava mais delas

Longe de todos obstáculos das horas

Permitia-se sonhar ainda na existência humana

Arrancava a máscara dos anos , beijando as linhas do tempo no espelho

Andava pela madrugada a beijar estrelas, ensurdecendo o ruído do mundo sobre ela

Abrigava os olhos no amanhecer tingindo o céu com as cores de sonhos e nos ombros , as mãos dos ninhos dos bem-te -vis

Já não temia o futuro

Nem o abismo das dúvidas que escreveram saudades nela

A alma reconhece o rio onde navega, sem olhar sua margem

E se banha na nascente, com olhos de criança.

Simone Beneducci

03/03/2023