Cala-te

Que dizes? Pobre alma escarmentada

Que vocifera seus anseios e corrói-se em

Autodesprezo, aquiete-se homem e

Conte-me esse pranto que tanto lhe causa espanto.

Ó senhor, tão grande é meu desvalor

Quero ser como os presunçosos

Que gritam sua rebeldia

Desejo me assemelhar aos humildes

Que enfrentam a dor com serenidade.

Cala-te, pois grande é vossa insensatez

Tuas falas assemelham-se às de um tresloucado

Que visitava-me em meu leito mórbido

Da mesma forma, tuas ações melancólicas

Era uma estratégia que meu amado empregava

Para fugir de minha moléstia.

Sou incerto, creio que já percebestes

Quero consolar os insensatos e dizer palavras

Para animá-los, mas estou preso

Em minha devassidão

Quero ser como o senhor

A quem a enfermidade não ceifa

E o luto não derruba.

Ó meu caro, como desejo que verdadeiras

Fossem tuas palavras, mas o luto é um velho conhecido

E sua face já fizestes-me enfermo

Não compara-te aos outros, suas dores são

Ocultas e a morte os ronda, assim como a loucura

Que te consome lentamente.

Atomic
Enviado por Atomic em 19/04/2023
Código do texto: T7767684
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