Fito.

Não me lembro se chovia ou não

Era só mais um dia

Todo aquele, que anda fora do quadrado

Há de lembrar-se assim

Tinha a escada, lá no fim da rua

Um caminho sem volta

Não me lembro se pisei devagarinho ou não

Era só mais uma estrada torta

e tinha outra ao lado

Dessas, que tem muitas, era sempre assim

Sinuosa como a vida

Todo mundo pensa

Em vencer o tempo um dia

Tempo que povoa nossa fantasia

Momento e momento sem conta

Voa ao vento

Coisa boa é ver o tempo flutuando

Que, voando lento

Atento, te desmonta

Nem dá tempo de pensar

Não pense

Pise bem devagarinho a vida.

Confia no tempo, ele espera

Era ainda de manhã, bem cedo

O caminho era sem volta

Segredo, que a palavra vida abrange

Quando é a gente que flutua

Pra um lugar chamado longe

Mesmo perto

O destino põe deserto intransponível ali no meio

Pois domina a arte, essa desconhecida

De partir e repartir o tempo

O lenço, aceno, a despedida

O incompleto e o pleno

O atalho, o orvalho, o sereno, a madrugada

E, volta e meia... a vida alheia

Grasna, a gralha

Queima a ponte, o ninho, a palha

Torna sem retorno esse caminho

Mente descontente:

O morno, o incipiente que povoa a nossa fantasia

Voa ao vento a vida à toa

Flutua até a lua, beija e volta

Noite e meia, olha de longe

Luz do sol, essa que dourava a pele

Toda vez, agora agoura

Lírico empirismo

Limite do que não se vê

Se havia um fito na existência

Era do espírito

A vivência de saber ser leve

É hora de aprender, se apresse

A beleza da vida, em resumo, era essa

O tempo, em seu vagar garboso de aprumado

Não deu tempo de pensar, não pense

O tempo brumo, impiedoso

No final, te vence.

Edson Ricardo Paiva.