MORTE DA REALIDADE
Andrade Jorge
Quatro velas velam a nua realidade
no fundo espaço frio,
cova do fruto da desilusão,
aonde jaz
no eterno vazio.
A vida traz
dia sem luz,
noite sem lua,
a carpideira contrita chora,
a mão crispada ordenadamente
encena o sinal da cruz,
depois levanta, olha e vai embora,
afinal a vida continua!
E a morte?
Ah! Quem quer saber
da morte?