Marcas do passado

Todos carregamos marcas

Que se grudam e não saem,

Não são de tiros e nem facas,

Mas lembranças que se arrastam

Tentando tirar nossa paz.

Por mais que queiramos esquecer,

Por mais que queiramos ignorar,

Sempre irá aparecer,

Uma centelha, um quê,

Para nos atormentar.

Não que seja intencional

Não que queiramos reviver,

Tem assunto que a nós faz mal,

Mistura ilusão com real,

Cobra o que não estamos a dever.

O tempo nada apaga,

Apenas deixa adormecido,

Tem coisa, que se acorda, estraga,

Gruda-nos como praga,

Fere quem já está ferido.

Eu, que já estou acostumado,

A esses rompantes de memória,

Finjo nem ter notado,

O tamanho do estrago,

Quando um pensamento aflora.

Trato logo em disfarçar,

Fazer de conta nem perceber,

Faço minha mente focar,

Afrente no que vira,

Não no que vi se perder.

Por mais que o tempo,

Tentei nos administrar,

O que está valendo,

Eu assim compreendo,

Ser o hoje e o que vira.

Passado é só lembrança,

Presente é pra ser vivido,

O passado só te alcansa,

Se a saudade fizer cobranças,

E concordares consigo.

Deixe as marcas do passado quietas,

Não as procure revirar

Tudo que presta ou não presta,

Tudo que gostas ou detestas,

Deixe lá onde está.

Ladislau Floriano.