BLACK OUT
BLACK OUT
Como as formigas
Obreiras trabalhadoras incansáveis
De todas as Idades
Não cessam o zumbido
Inventam, gritam,
a beleza fugitiva
a felicidade morta
a magia a maravilha o Amor
Faça sol ou brilhe a lua
Chova ainda
ou um calor abrasador tome conta da terra inteira
Infatigáveis pobres os diabos
versejam, recitam e exibem-se
Exibição que raia o indecente
Egoísmo selvagem que transborda
Pára raios que vaza a todo o custo
“estou aqui… existo… sou
reparem…comprem…levem…
amo-vos a todos e vocês amam-me a mim”
Somos talvez pobres coitados
Ainda que o mundo estale em fogo e artifício
Nada importa por muito fútil que pareça
Às vezes, fecho as portas e janelas
Isolo o fogo o frio a noite ao longe
Escureço
Esqueço
Desligo os sons
Deixo cair o pano do teatro
tudo se esvai como num esgar
faço o blackout absoluto
Então,o sono invade a pradaria
Os sonhos rebentam na praia mar
E, muito depois então,
Numa manhã qualquer
Acordo tonto e vacilo
A ouvir a música