O quintal de minha morada
nos tempos que me mudei pra cá
eu separei um pedacinho de chão
cercado, com taramela no portão
pra fazer, da nova casa, o quintal
é troncha, a morada sem canto tal
e, ai dele, sem pé-de-versos é ermo
infrutífero e desabitado e enfermo
então o plantei, sob um abacateiro
brotou alegre, e feito um guerreiro
pra escapar da escuridão, cresceu
pendendo-se à esquerda, como eu
por barbas-de-velho, tão vergado
e ficamos análogos, tem-se notado
só que ele faz até versos temporão
e eu nem sempre tenho disposição
pra apanhá-los no pé, já não subo
deixo que caiam, que virem adubo
mas, às vezes, revolvo aquele chão
e coloco-os sujos em meu peneirão
que é de malha grossa e palha seca
pra não segurar caracol e perereca
e pra que vazem versos diminutos
acho crescidos versos mais bonitos
e poema sem tempo fica batumado