ARQUIPÉLAGO DA ILUSÃO
Tive todo tempo de amar
Sem ter paciência de esperar,
Tirei minhas cartas das mangas
Troquei por simples miçangas,
Naveguei nos olhares
Da paixão e colhi decepção,
Magoei quem mais amava
Desprezei seu coração!
Não escondi o meu tropeço
Fui traído também por um beijo,
Sorriso rasgado em seu rosto
Palavras atropelavam o meu gosto,
Em contrapartida fiquei sem chão
A parte mais dolorida foi a solidão,
O mel transformou-se em fel
Arrancou sangue tingiu o céu!
Não éramos como dois pombinhos
Apenas passarinhos e única prisão,
Queria desistir de tudo nessa ilha
Arquipélago da ilusão,
O mar levou as nossas sujeiras
E a água lavou nossas almas nas areias,
Não tive forças para sinalizar socorro
O amor sem vida já estava morto!
Tive todo tempo de amar
Sem ter paciência de esperar,
Como a lua encoberta pelas nuvens
Desapareci das esquinas e das ruas,
A vergonhosa brisa soprou-me a face
Em meio a multidão de gente,
As nossas labaredas viraram cinzas
Esquecidas nos recantos da vida!